APA CAMPOS DO JORDÃO #1


Em meio aos morros e montanhas do ponto inicial da Serra da Mantiqueira estão os Campos do Jordão, nome por qual a cidade ficou conhecida quando em 29 de dezembro de 1825 o Brigadeiro Manoel Rodrigues Jordão, considerado um dos maiores proprietários de terra da Província de São Paulo, adquiriu-a, nomeando-a Fazenda Natal, considerando a proximidade da data máxima da cristandade. A partir de então, deu-se a origem imobiliária de Campos do Jordão.
O clima da região de ar puro e natural, sempre foi razão da instalação de muitas pessoas no município, sendo conhecida por ‘Ciclo da Cura’, desde 1874 até meados da década de 60, quando o desenvolvimento urbano trouxe ao cenário de constante neblina e fontes de água pura, uma ocupação desplanejadas dos morros e poluição de água, solo e ar.

O Ciclo da Cura
Em 1874, um fazendeiro de Pindamonhangaba, o português Matheus da Costa Pinto, subiu a Serra da Mantiqueira, provavelmente necessitado do clima de altitude, adquirindo vastas áreas de terras à beira do Rio Imbiri.
Encantado com a região, logo levantou uma capela em honra de São Matheus, instalou uma vendinha, montou uma pensão para “respirantes” (denominação que se dava aos enfermos do pulmão), criou uma pousada para forasteiros e ergueu uma escola.
O povo começou a chamar o local de Vila de São Matheus do Imbiri, histórica precursora de Campos do Jordão.
A região possuía muitas fazendas, mas em razão de seu espírito humanitário e de seus propósitos comunitários, as autoridades jordanenses resolveram fixar a data de fundação de Campos do Jordão no dia em que Matheus da Costa Pinto adquiriu as suas terras, ou seja, em 29 de abril de 1874.
Campos do Jordão tornou-se importante estação de tratamento de tuberculose ao longo de décadas, o que lhe valeu grande preconceito aos seus habitantes e retardamento do processo do desenvolvimento turístico.
O primeiro sanatório construído foi em 1929 - o Sanatório Divina Providência, seguido do Sanatório São Paulo em 1930. Depois, inaugurou-se o Sanatório S-1, em 1931, construído por Sanatórinhos. Em 1934, a Entidade ergueu outro hospital - S-2, e em 1935, foi construído o Sanatório São Vicente de Paulo, para crianças.
Nas décadas de 30 e 40 surgiram o Sanatório Santa Cruz, o Sanatório São Cristóvão, o Sanatório São Francisco Xavier e o Sanatório Ebenézer.
Nas décadas de 40 e 50 começaram a funcionar os Sanatórios de Santos, o Sanatório S-3, o Sanatório Sírio, o Sanatório N. S. das Mercês e os pavilhões do Bandeira Paulista Contra a Tuberculose.
Integraram essa cadeia de solidariedade humana a Santa Casa - Hospital "Adhemar de Barros", a Casa da Criança e o Dispensário de Tuberculose. A maioria dos Sanatórios foi edificada em áreas doadas pelo Embaixador José Carlos de Macedo Soares, que recebeu da Administração Pública a denominação da principal via pública de Vila Capivari e a denominação do Fórum de Campos do Jordão                             
                                                                              Pedro Paulo Filho  
Pedro Paulo Filho - membro fundador e efetivo da Academia de Letras de Campos do Jordão, onde ocupa a cadeira nº 14, Integra o IEV - Instituto de Estudos Valeparaibanos, fundador e membro do Conselho Municipal de Cultura, integra os quadros da U.B.E - União Brasileira dos Escritores e é membro efetivo da Associação Brasileira de Pesquisadores de História e Genealogia.
Publicado no site do advogado www.pedropaulofilho.com.br, junto com sua obra sobre a cidade de Campos do Jordão e Serra da Mantiqueira.
Com o desenvolvimento do acesso e infraestrutura, a cidade passou a receber cada vez mais visitantes e tornou-se ponto turístico para os que buscam a natureza em seu vigor renovante do espírito e do corpo.

Um Patrimônio Nacional
O doutor Domingos José Nogueira Jaguaribe em conferência pronunciada em 16 de janeiro de 1.917 no Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, sob o tema "Combate ao Alcoolismo", proclamou: "Poderemos mandar vir do Campos do Jordão, para os que fizerem encomendas, as águas das nascentes mais altas do rio da Prata, que formam o rio Sapucaí, que nasce em nossa propriedade, a 1.800 metros de altitude, a fim de fornecer essa ideia, que nasceu da leitura de uma carta do meu amigo, Dr. Alberto Torres.
“Parece-nos que algumas casas ou agências deveriam tomar a si essa ideia, ou mesmo a repartição de águas do Estado.”
Defendia o Dr. Domingos Jaguaribe a ideia de retirar as bebidas alcóolicas dos tradicionais brindes, e adotar, em seu lugar, "a água das nascentes dos grandes rios do América do Sul".
E argumentava: "O grande brasileiro, Dr. Alberto Torres, em carta que possuo, é de opinião que o governo do Brasil devia adquirir as nascentes do rio Sapucaí, em Campos do Jordão, e as conservar como patrimônio nacional."

O marco das 4 nações
Em 29 de abril de 1.959, aniversário da fundação de Campos do Jordão, foi lançada a pedra fundamental, no bairro do Umuarama, do Monumento das 4 Nações, para a perpetuação e registro histórico das nascentes mais altas do rio da Prata.
Representou o Governador Carvalho Pinto, o secretário de Governo, dr. Márcio Porto, presentes o prefeito José Antonio Padovan, Benjamim Hunicut, Acácio de Vilalba, Joaquim Correa Cintra, Pedro Paulo, entre outras personalidades representativas do Município.
O monumento foi projetado pelo Engo Acácio Vilalba, membro do Conselho Estadual de Turismo e da Sociedade Geográfica Brasileira, em terras de propriedade da Associação Umuarama.
Era encimado por um bandeirante, segurando uma bandeira enrolada no pedestal, sob o qual havia estampado o brasão de Campos do Jordão.
Em baixo em forma retangular havia os seguintes dizeres, escritos em fundo branco: "Marco das 4 Nações: Brasil, Paraguai, Argentina, Uruguai. Erigido em homenagem aos países onde caminham as mais altas águas brasileiras rumo ao rio da Prata. Inaugurado em 29 de abril de 1.959, sendo Governador do Estado de São Paulo o Exmo. Sr. Prof. Carvalho Pinto e Prefeito de Campos do Jordão o Dr. José Antonio Padovan".
Concluído o portentoso monumento, infelizmente não foi implantado no local escolhido, e transferido para o almoxarifado da Municipalidade, quebrou-se, restando apenas a figura do bandeirante, que foi afixado na Praça da Bandeira, em vila Abernéssia, em Campos do Jordão.
Com o correr dos anos o crescimento da mata, tornou difícil, talvez impossível, a localização física da pedra fundamental, onde deveria ser erigido o Monumento das 4 Nações.
Mais uma prova incontestável de que o Brasil, infelizmente, é um país sem memória nacional, que não sabe cultuar as suas riquezas naturais e históricas.
                                                                                       Pedro Paulo Filho
Texto publicado no site do advogado www.pedropaulofilho.com.br, junto com sua obra sobre a cidade de Campos do Jordão e Serra da Mantiqueira.

O interesse da cidade desenvolveu-se em torno da hotelaria e gastronomia que atraem mais de milhões de pessoas durante o ano para desfrutarem principalmente o clima que chega a -5ºC no inverno, durante os meses de maio, junho, julho e agosto.
Com o crescimento do município pela população atraída por oportunidades de trabalho e aquisição de terras, a ocupação de seu espaço se deu de forma irregular em alguns bairros mais carentes, sem infraestrutura eficiente proporcionada por planejamento ambiental urbano e serviços públicos eficientes. É comum depararmos com a degradação dos morros, contaminação das águas e nascentes, falta de conscientização da população e o reflexo do benefício da atividade turística em serviços públicos eficientes e de acesso ao espaço por igual.
Em 1984 foi declarada, na Lei Estadual Nº 4.105, 26jun84, Área de Proteção Ambiental, a região urbana e rural do Município de Campos do Jordão.A implantação da área de proteção ambiental é coordenada pelo Conselho Estadual de Meio Ambiente, em colaboração com órgãos e entidades da Administração estadual centralizada e descentralizada ligados à preservação ambiental, com o Executivo e o Legislativo do Município e com a comunidade local.





As medias decretadas pela Lei, procuram impedir a implantação de atividades potencialmente poluidoras, capazes de afetar mananciais de águas, o solo e o ar; a realização de obras de terraplanagem e a abertura de canais que importem em sensível alteração das condições ecológicas locais, principalmente na zona de vida silvestre; o exercício de atividade capazes de provocar acelerada erosão das terras ou acentuado assoreamento nas coleções hídricas; e o exercício de atividade que ameacem extinguir as espécies raras da flora e da fauna locais. 
No art. 4º é estabelecida, uma zona de vida silvestre abrangendo todos os remanescentes da flora original existente nesta área de proteção ambiental e as áreas definidas como de preservação permanente pelo Código Florestal. Na zona de vida silvestre não será permitida nenhuma atividade degradadora ou potencialmente causadora de degradação ambiental, inclusive o porte de armas de fogo, e de artefatos ou de instrumentos de destruição da natureza.

Franco Montoro - Governador do Estado de São Paulo -1984

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